Coisas da minha terra Belém-PB

Poeta e escritor  Petronio Thomaz Emiliano  

COMPANHEIRO E PAU PRA TODA OBRA!

Um convite fabuloso a reconhecermos um velho e querido parceiro de longas datas!

Por Petrônio Cavalcante

Ele é simples, firme e prático. Eis as características desse grande companheiro! Uns dizem que ele tem mais de cinquenta anos, outros dizem que está na casa dos quarenta, já outros insistem dizer que ele é tão antigo que remonta a família imperial! De onde ele veio?! Ninguem sabe! Quem foi que pariu sua existência? Bem, só se sabe que ele existe e está em nosso meio há décadas e permanece quase a mesma coisa, baixinho, escurinho, curto e grosso, mas sempre à disposição esperando as pessoas esvaziarem nele suas carências! Já foi novo e de boa aparência e se não fosse tão 'durão' poderíamos apostar que possuía a capacidade de ceder às emoções! Já de tenra idade, ele continua estável e insiste resistir ao tempo, mesmo enrugado, seu conteúdo e essência continuam os mesmos; sempre a servir a todos que por ali se atrevem descansar as estruturas do cóccix! 

Uma figura de muitos anos, presente em todas as horas, em meio ao sol, a chuva e o sereno, nu ou ao relento, ele sempre estar ali, à disposição! Se possível, com a experiência que tem poderia nos contar quantas cores de peças íntimas já viu passar e quantas coçadas de saco tivera que presenciar calçada a riba, calçada a baixo! E os maus cheirosos gases dos cabras peidões, então?! Desrespeitosos que só vendo!! Adolescentes, adultos e velhos bundões que levantam a perna e mandam ver! Que o diga a galera da década de 70, 80 e 90 que por lá passaram! Pense! É uma viagem!

Junto a ele se viu passar toda uma geração dos tempos dos desfiles de sete de setembro, das passeatas do Arena, do PDS, MDB, procissões e coisa e tal e vire e mexe! É chão colega! Quantas histórias poderia nos contar, histórias essas que vão desde as mijadas de cães e gatos até pessoas que passaram por ali dialogando e até mesmo conspirando seus planos contra alguém. O que ele não gostaria de nos contar mesmo seria sobre as cuspidas, pioladas que sofrera na vida noturna! Quantos segredos ele poderia nos revelar! Uma real e emudecida testemunha dos mais travados namoricos que se deram em meio as ‘mãos bobas’ dos garotos e garotas movidos a turbilhões de hormônios sexuais. Era sarro com força! Há quem diga, que até casamentos saíram desses relacionamentos apimentados no pau... do canto! 

Quantos amigos juntos a ele se fez! Velho companheiro de noitadas ao luar! Quantas conversas jogadas fora! E as rodadas de violão! Amigos cantarolando juntos e assoviando a vida! Lá se discutiram as mais bobas e utópicas visões acerca de mundo e de pessoas!

Sempre confidente, sentiu na ‘pele’ todo tipo de gente e de coisa: estudantes, feirantes, foliões, arrastões, animais, chutes, topadas, pancadas, isso sem falar que até os mais famosos políticos nele revelaram suas entranhas de aspectos estranhos! Me disseram... Não é nada certo, mas há quem diga até Dr. Wellington, Tarcisio Marcelo precisaram muito do bixim! Já passaram por lá, Lula Firmino, Zezim de Almeida, Burity, Humberto Lucena e sem titubear, eu já precisei dele também! Ora, até a vereadora Betânia Xavier também passou por lá! Ixe!! Isso sem falar que doutô Laplace se criou agarrado com ele. Imaginem só! A personagem né fraca não, menino! Tás brincando! Até Zé Maranhão tornou-se íntimo dele quando das visitas oligárquicas à familia Xavier!

Enfim, uns afirmam que ele é um tremendo ‘cara’...de pau! Na verdade, ele não é um ser racional! Devido sua firmeza, uns dizem que ele é uma sucupira; outros insistem dizer que é um velho angico derrubado décadas atrás; outros chutam acertar ser um velho jatobá! Já para outros, não passa de uma velha aroeira! Sei lá, tem gente que afirma ser ele uma baraúna daquelas bem barrigudas, como já se autoafirmava Roberto Paulino na campanha de 2002 pra governador! Pior que ninguém sabe de qual mata ele saiu, mas pelo jeito sua mãe teria sido uma daquelas 'arvonas'!!

Bom! Como eu não sou marceneiro e nem entendo nada de madeira, resta-me dizer que ninguém é tão dotado como ele sob o ponto de vista do aspecto cultural. Desculpe a zuera, mas quem quiser conhecê-lo passe na casa de nosso amigo Solonildo e veja de perto o rústico tronco de madeira que há mais de cinquenta anos está na sua calçada e que serve de banco pra todo mundo que passa e que tão somente lhe espera pra dar aquela sentadinha básica no velho e companheiro, o banco de Solon! Uns apelidam de 'o pau de Solon', outros, 'o banquinho de Solon'...e por ai vai...mas tome cuidado! Verifique primeiramente a pressão do gás! Ele não merece tanto desprezo! Punzar no banquinho não vale!

Ah!...aproveite e pesquise sobre quem teve a coragem de se agarrar com um pau tão grosso que até hoje insiste ficar ali.... firme, forte e troncudo prestando serviço à comunidade! Faça chuva ou faça sol!

Tronco personagem do poema de Petronio Thomaz
Foto: Henrique Filho

Por Henrique Filho

Poema Petronio Thomaz