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Barra reta ou barra W: escolha do acessório pode prevenir lesões no cotovelo

Lesão no cotovelo pode ser causada por estresse nas articulações por uso de barra reta. 

Na hora de fazer um exercício, além da funcionalidade que ele vai proporcionar (desenvolvimento de força, flexibilidade etc), o praticante deve buscar o conforto na execução do movimento e também a segurança para
suas articulações. 

Coordenador do laboratório de biomecânica do laboratório de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP), Julio Serrão, conta que a barra W foi desenvolvida justamente para ser mais confortável durante a execução de exercícios que precisam de flexão do cotovelo: “podemos fazer um paralelo com o teclado, porque os mais retos costumam dar tendinite e os mais ergonômicos são mais abertos, com formato de aranha, porque a posição do punho é similar ao da barra W. Essa barra surgiu com o objetivo de mudar o acionamento muscular, mas a gente acertou errando”.

Serrão brinca dessa forma porque ao usar a barra W para fazer o movimento de rosca, por exemplo, ela acaba sendo mais adequada por prevenir problemas nos cotovelos. “Essa articulação que a gente usa pra mexer o cotovelo requer o movimento do punho simultaneamente e, com uma barra reta, você deixa a articulação do punho desfavorável, podendo desenvolver uma tendinopatia”, explica.

O professor e pesquisador da Unifae, Luis Claudio Bossi, ensina que “a principal estrutura de articulação do antebraço vai ser a de movimentação de supinação. Quando usa a barra W, o movimento do bíceps é de flexão do cotovelo acompanhado de uma supinação. Com a barra reta,tende a ter esse movimento por completo, porém essa posição leva a um estresse na articulação do cotovelo, conhecido como epicondilite lateral ou medial, também chamadas de ‘cotovelo de tenista’ e ‘cotovelo de golfista’, respectivamente”.

Dor de cotovelo

Bossi pode falar da epicondilite com propriedade de causa, afinal, está sentindo a dor de cotovelo lateral. Ele conta que embora pareça uma ‘bobeirinha’, quando se mantém a dor – e ela é forte -, gera uma inflamação no tendão do braquioradial e, se não passar, pode se tornar uma condição cirúrgica. Tratamentos com anti-inflamatórios não hormonais, acupuntura e brace são algumas alternativas e o médico deve ser consultado antes de qualquer escolha.


Para arrumar o problema, criei uma barra similar à olímpica, mas que tem um giro diferente, sem contragiro da anilha. Percebi que quando você sobe a barra pra rosca, a anilha gira ao contrário e gera a lesão. Você dobra o cotovelo, vem com a mão acompanhando o corpo e o peso faz um contragiro que cria tensão na barra e leva à epicondilite”, explica Bossi, que tem testado a descoberta e diz ter eliminado a dor em uma semana. “Esse é o pulo do gato, um dos causadores da epicondilite.”

Tem que ter pegada

A articulação do cotovelo tem três músculos de ação: braquial, que é o mais importante, segundo Serrão, o bíceps e o braquioradial e há um rodízio entre eles provocado pela variação da posição das mãos durante o uso da barra: quando a palma está levantada para cima, você consegue acionar o braquial e o bíceps bem. Pra mudar isso, precisaria de uma mudança mais agressiva, com a palma virada pra baixo, o que o pessoal chama de rosca invertida. Aí consegue tirar o bíceps da parada e deixar o braquial como mais importante,
e o braquioradial vai ser trabalhado com o polegar pra cima, na pegada neutra”, ensina o profissional da USP.


O grande lance da barra W, segundo Serrão, é que ela é feita para acomodar a posição do punho, protegendo a ele e ao cotovelo devido a uma empunhadura mais ergonômica. “A maioria dos aparelhos, como a rosca Scotch, já vem com a rosca em W e pegada neutra e com o tríceps se usa muito esse sistema reverso. A barra W também deve ser usada para o tríceps testa, que ao invés da flexão, faz a extensão e consegue evitar as lesões também”, complementa Bossi.

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Fonte: Jornalismo Portal EF

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