Mais de mil idosos aguardam por vaga em asilo

Segundo a promotora de Justiça Sônia Maria de Paula Maia, a Capital paraibana não possui instituição de acolhimento pública para idosos em situação de vulnerabilidade, sendo o trabalho realizado apenas por entidades não governamentais que vivem de doações. A promotora informou que existe um projeto de casa provisória para idosos da Prefeitura de João Pessoa que nunca funcionou. O município chegou a adquirir o imóvel, mas, até este ano, a casa não entrou em funcionamento.
A última transferência para uma instituição de longa permanência ocorreu na sexta-feira (28) com a idosa Terezinha de Oliveira, de 80 anos, moradora de uma quitinete no bairro de Jaguaribe. Mas para que a institucionalização fosse efetivada, a promotora de Justiça teve que realizar uma permuta. A idosa Maria da Penha Brito, de 67 anos, que se encontrava na entidade Divina Misericórdia, foi reinserida por vontade própria na sua família e dona Terezinha de Oliveira ficou a vaga. A transferência foi realizada pela promotora Sônia Maia e seu assessor João Fernandes.
As dificuldades para institucionalização dos idosos não se limitam à falta de vagas nas entidades. A própria transferência do idoso para a instituição acontece com percalços. Isso ocorreu na última sexta-feira. Como dona Terezinha estava acamada, sem poder andar, a promotora Sônia requisitou uma ambulância do Corpo de Bombeiros para levar a idosa. Foram mais de duas horas de espera, durante as quais a promotora fez diversas ligações telefônicas, até os bombeiros chegarem. Segundo eles, a demora aconteceu porque tiveram de atender uma ocorrência antes e as macas ficaram retidas no Hospital de Trauma.
Viver em uma instituição de acolhimento significa iniciar uma vida com mais dignidade para muitos idosos. Este é o caso de dona Terezinha. Perguntada se estava feliz por ser levada para uma instituição, ela respondeu sem titubear: “Feliz não, felicíssima, graças à promotora que, agora, é como uma mãe para mim”.
Promotoria
Sônia Maia informou que, só em 2018, já foram cerca de 2.400 atendimentos realizados a Promotoria da Cidadania referentes às mais diversas violações de direitos, sempre objetivando a garantia dos direitos e a dignidade da pessoa idosa.
Também são realizadas fiscalizações nas entidades para idosos. Em agosto, por exemplo, a Promotoria, junto com a Vigilância Sanitária, fechou um abrigo irregular no Bairro dos Estados e transferiu 10 idosos para instituições regularizadas.
A promotora destaca ainda a necessidade de mais políticas públicas para os idosos em situação de vulnerabilidade social. “Há ações voltadas para idosos que possuem autonomia e condições financeiras. Precisamos de mais políticas para os idosos vulneráveis”, disse.
Estatuto
O Estatuto do Idoso (Lei Nº 10.741/2003), que completa 15 anos nesta segunda-feira (1), determina que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
MaisPB
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